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Crítica: ‘Terrores Urbanos’: Boas ideias, mas com rendimentos desiguais

Série da Record TV sobre conhecidas lendas urbanas tem produções caprichadas

Jorge Luiz Brasil Publicado em 04/01/2019, às 20h42 - Atualizado em 07/08/2019, às 17h46

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A Loira do Banheiro foi uma bela estreia - Divulgação
A Loira do Banheiro foi uma bela estreia - Divulgação

Co-produção da Record TV com a Sentimental Filmes, a série Terrores Urbanos chegou à telinha depois de uma temporada de sucesso no Play Pluss, aplicativo de streaming da emissora evangélica. Fora das habituais tramas bíblicas, a Record TV acertou em cheio em investir e uma ideia tão boa: fazer dramaturgia com lendas urbanas populares e aterrorizantes. Dividido em cinco episódios, o programa já exibiu dois, A Loira do Banheiro e A Gangue dos Palhaços. Hoje (sexta 04), às 22h45, vai ao ar o terceiro: Quadro do Menino Que Chora, que ficou a cargo da badalada cineasta Juliana Rojas (Sinfonia da Necrópole, Trabalhar Cansa e As Boas Maneiras). Felipe Adami e Fernando Coimbra (também diretor geral) comandaram os capítulos de estreia, que tiveram rendimentos desiguais.

A Loira do Banheiro é, certamente, a mais famosa das lendas urbanas e existem diversas versões do caso da menina que faleceu num lavabo e passou a assombra-lo. Os roteiristas Maristela Mattos (também criadora da série ao lado de Thais Falcão) e Fernando Coimbra (redação final) escolheram contar a história de Bianca (Duda Balestero), jovem vivendo a plenitude de sua adolescência. Loura, linda e bem sucedida na escola, ela acaba de ser escolhida a oradora de sua turma na formatura do segundo grau, mas acaba sucumbindo às fortes pressões que estar no auge demanda. Para piorar, a separação dos pais torna-se mais um agravante para Bianca perder o controle. A menina torna-se bulímica e começa a se comunicar com Luciana (Renata Dutra), uma estranha jovem, dentro do banheiro da escola. De forma inesperada, Bianca descobre que Luciana foi uma aluna do colégio, que desapareceu em 1967, perto de sua formatura. E a perseguição do fantasma se intensifica ainda mais.

Foi interessante a forma como o tema sobrenatural serviu como base para abordar problemas atuais da nossa juventude. O desequilíbrio de Bianca deixava em dúvida se o contato com a Loira do Banheiro era apenas mais um passo em sua jornada rumo à loucura ou realmente um caso de assombração. O que aumentou consideravelmente a tensão que a história necessitava. O final do episódio esclareceu parte das dúvidas, mas também deixou no ar algumas outras. Bem interessante! O segundo episódio, A Gangue dos Palhaços, partiu do mesmo princípio: a protagonista Rosane (Júlia Lund) estaria mesmo sofrendo a perseguição dos bandidos fantasiados de palhaços ou tudo não passa de um surto psicótico? Para quem não conhece a lenda, ela surgiu na década de 1960, quando um palhaço teria assassinado crianças nos Estados Unidos. Nos anos 1990, o jornal Notícias Populares publicou uma série de reportagens sobre Os Crimes que Abalaram o Mundo, e entre elas, estava a do palhaço americano. Logo nasceu mais uma lenda urbana brasileira: uma gangue de palhaços que atacava crianças, em uma Kombi, para vender seus órgãos.

Na série, Rosane realmente sofreu um assalto violento de uma quadrilha fantasiada como palhaços e seu marido, o empresário do ramo de segurança patrimonial Otávio (Luciano Bortoluzzi), foi preso por associação a essa gangue, já que oferecia seus serviços aos lares e estabelecimentos roubados. Com isso, Rosane passou a ser chantageada pelos criminosos, entrando numa clima de desespero total, que afetou sua sanidade mental. E devastou a relação com seu filho, Tavinho (Igor Moraes). Com uma história confusa (assinada por Ricardo Grynszpan e Ricardo Inham e redação final de Felipe Adami) e tramas paralelas soltas – como o desaparecimento do filho da empregada, Jurema (Agnes Zuliani) – A Gangue dos Palhaços não alcançou o mesmo nível de interesse e suspense do episódio anterior. Mas ainda assim foi um sopro de criatividade em tempos são monótonos na telinha. Terrores Urbanos termina na terça 08, mas quem perdeu a série pode conferir no Play Pluss.