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"Religião é algo que não abro mão", revela Tony Ramos

Prestes a completar 53 anos de carreira, Tony Ramos, religioso assumido, fala da experiência de interpretar o diabo na série Vade Retro. E garante, acredite, ter seus momentos de fúria!

por Tatiana Ferreira Publicado em 06/06/2017, às 15h59 - Atualizado em 07/08/2019, às 17h45

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Tony Ramos - Divulgação/Globo
Tony Ramos - Divulgação/Globo
Referência de educação e bom caráter, Tony Ramos, 68 anos, é unanimidade por onde passa. Sempre muito educado, é difícil imaginá-lo saindo do sério ou falando um palavrão. Mas, acredite, ele também tem seus momentos de fúria. “Não sou de ficar nervosinho à toa, mas é claro que, às vezes, dá vontade de xingar alguém e virar a mesa, principalmente no que desrespeita as atitudes do ser humano que envolvem a soberba, o tom blasé e a desonestidade”, confessa ele, que completará 53 anos de carreira em 29 de junho. Religioso, Tony, batizado de Antônio em homenagem a Santo Antônio de Pádua, garante que interpretar o diabo na minissérie Vade Retro (Globo), não mexeu com sua ética religiosa. “Em nenhum momento me incomodou. Sabe por quê? Simples. A religiosidade é maior que tudo na minha vida, tanto na profissão, quanto no nome que tenho perante ao público. É ela que rege minha caminhada do meu ponto de vista espiritual. Isso nunca foi uma questão. Disse ‘sim’ ao ler o terceiro capítulo do projeto”, conta ele, que já está se preparando para a próxima novela das 6, Tempo de Amar, com estreia em setembro. Durante a entrevista, outra característica, talvez conhecida pelos mais próximos, surgiu: o ótimo humor. “Ah, isso tenho mesmo. Por exemplo: muito antes de acharem que estavam me gozando com piadas envolvendo meus pelos e nariz, eu já fazia! Até participava do Casseta & Planeta (extinto programa da Globo), lembra. 
Já interpretou personagens muito diferentes, mas o diabo é a primeira vez. Como é viver algo tão diferente? 
Na verdade, é um personagem muito inteligente que Fernanda Young e Alexandre Machado criaram. Desde o primeiro instante que li o roteiro, não só me interessei pela história, como fiquei encantado com a possibilidade de os autores discutirem o ser humano a partir das tentações. Como já está até na Bíblia: o demônio habita em cada pessoa. 


E em Tony Ramos, onde o diabo habita?
Nem penso para te responder isso. Ele não habita. Não sou um cara que tenho inveja, que quer ostentar uma vida que não tem ou saber da vida do outro, quero saber da minha e só. Não tenho este lado maldoso de querer ver o circo pegar fogo. 

Talvez por isso nunca tenha tido o nome envolvidos em polêmicas? 
Nunca tive e nem terei. É uma postura de vida. Sou muito discreto e a minha mulher, Lidiane, mais ainda. Muitas vezes o fato de estar casado há 48 anos gera estranheza. Adoro estar em casa com minha companheira. A gente não é de sair muito, mas ninguém dorme com as galinhas. Temos uma vida corriqueira, mas que nos basta.

A impressão que se tem é que nunca vira a mesa ou xinga... 
Claro que sim! Não falo palavrão porque não os conheça. Posso citar em 10 minutos 230 nomes feios, mas não tenho obrigação e nem a melancólica necessidade disso só para dizer que sou autêntico. Se alguém me xingar, devolvo na mesma moeda. Talvez com mais elegância. Acho que o palavrão é muito bem-vindo quando damos uma topada, por exemplo. E quanto a virar a mesa, tenho vontade em vários momentos, quando me deparo com a desonestidade, maledicência, conversa torcida... Não pense que sou o bobo da corte, que fica quietinho. Se alguém me atacar de forma desonesta, saberei virar a mesa e não tente saber como será virada. Dentro da minha razão, sou capaz de tudo. Menos agredir, bater e pegar em armas.


Interpretar Abel Zebu, de alguma maneira, mexeu com sua ética religiosa? 
Em nenhum momento. Minha religiosidade me fortalece para falar de qualquer assunto. Sei que eu não sou o Abel ou o Zé Maria de A Regra do Jogo. Apenas empresto o corpo, voz e intensidade. Religião é algo que não abro mão, mas falo muito pouco para não acharem que sou catequizador. Gravei com aquilo que está sempre no meu peito, o Sagrado Coração de Jesus.

Abel é sensual e mexe com o imaginário do público. De alguma maneira isso ainda afeta a vaidade de Tony Ramos? 
Ah, não. Tá louco! Tenho aqui minha barriguinha que aumenta e diminui dependendo do personagem. Sou muito bem resolvido com a vida, com a idade, com meu nariz e meus pelos. Nunca quis e não vou mudar nada em mim. A vaidade tem que ser positiva e é estar bem de saúde. A agressiva, burra, esta não tenho mesmo!

Como a proximidade dos 70 anos lhe atinge? 
Com alegria e permissão de Deus. Nunca como um peso. Sou muito grato que Ele me permita chegar a esta idade. 

A finitude não lhe causa medo?  
Todo homem de bom senso tem que pensar na finitude. Mas não tenho medo. Nunca me escondi de nada por não ter rabo preso. Há pouco tempo teve o negócio da carne que eu anunciava, que nada provaram contra. E falei com todos que me procuraram (ele se refere a ter sido garoto-propaganda da empresa que foi investigada na Operação Carne Fraca, da Polícia Federal).