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Nicette Bruno: "Quero viver o hoje"

Completando 
70 anos de carreira, a Elza de Pega Pega não quer nem ouvir falar em aposentadoria... 
Mas, sim, estar sempre em movimento!

Por Ligia Andrade Publicado em 14/10/2017, às 16h00 - Atualizado em 07/08/2019, às 17h45

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Nicette Bruno - Fabrizia Granatieri
Nicette Bruno - Fabrizia Granatieri
Acompanhada de Juquinha, um cachorrinho da raça maltês, Nicette Bruno, 84 anos, recebe CONTIGO! em sua casa, no Rio. A intérprete de Elza em Pega Pega (Globo) gosta de ter os amigos e a família por perto. Há pouco tempo, por exemplo, foi anfitriã de uma feijoada que reuniu o elenco e a equipe da novela das 7. A bagunça foi boa! Os filhos, as atrizes Bárbara Bruno, 61, e Beth Goulart, 56, além do ator e coreógrafo Paulo Goulart Filho, 52, assim como seus oito netos e cinco bisnetas são o orgulho e a alegria da vida da atriz. Estão sempre pelo local. Viúva do ator Paulo Goulart (1933-2014), com quem compartilhou 60 anos de jornada, ela confidencia que a saudade, apesar de eterna, já não dói mais, se transformou. “Agora a lembrança é boa. Brinco que Paulo chegou lá em cima e disse: ‘Manda bastante criança para ela não ficar sozinha’ (risos). É um preenchimento mesmo, fantástico.” Completando 70 anos de carreira – 36 só de Globo, onde estreou em Obrigado, Doutor (1981) – e bem longe do saudosismo, Nicette vive o presente, com vontade e força para projetar o futuro. “Quero viver o hoje.” 


Ela não gosta de rotina, mas não deixa de fazer fisioterapia religiosamente

DIVERSÃO“Sempre atuei com muito prazer, até nos trabalhos que não tiveram uma repercussão grande, acontece.”

MOVIMENTO “Aposentada já sou (risos). Mas aposentadoria, de jeito nenhum! Estou sempre em movimento e quero continuar trabalhando até quando der. Não sou saudosista, guardo a memória. O que não é bom, deleto. Quero viver o hoje, projetar, tenho esperança.”

MÃEZONA“Todos os personagens somam conhecimento. É claro que alguns têm alguma resposta mais forte do público. É como filho: gosto de todos da mesma maneira e trato cada um com a sua individualidade. Tenho tudo departamentalizado na lembrança. E sempre com a vontade de evoluir. O nosso campo de análise se amplia e passamos a respeitar mais o ser humano, isso é muito bonito na profissão.” 

TECNOLÓGICA“Sou pouquinho parecida com a Elza. Sei usar o WhatsApp e pronto. Às vezes uso áudio – é importante ouvir a voz, ameniza a saudade. É aproveitar os benefícios da tecnologia sem perder a conversa, o contato.”


Depois que ficou viúva, Nicette precisou cuidar 
da saúde. 
“Por causa do autocontrole que tive, minhas taxas aumentaram”

CORUJA“Sou, porque meus filhos dão razão. Sempre fomos analistas e críticos. Tivemos diálogos constantes e abertos, prestávamos atenção uns aos outros. E com os netos é a mesma coisa. Quase todos eles seguiram a carreira.”

EM FAMÍLIA “É difícil reunir todo mundo. Já fiz um espetáculo em que um número grande participou, Sábado, Domingo e Segunda (2003). Quando estamos trabalhando juntos, conseguimos separar, é uma coxia boa, isso reflete. Adoro, mas é raro acontecer. Eu e Paulo fizemos mais par no teatro do que na televisão.”

MEMÓRIA“Decorar texto é um ótimo exercício, nunca tive problema. Tinha uma memória fotográfica, decorava rápido. Tanto que lembravam de mim quando precisavam de substituta. Agora preciso estudar, mas decoro.”

CRISE?“Nunca tive de nada, graças a Deus. Este é um legado da mamãe. Ela falava que chorar não adiantava nada, o melhor era encontrar soluções. E isso norteou a minha vida, nunca fui de criar problemas.”

CASAL 20“Nós tínhamos ciúmes, normal, era muito assédio. Mas nunca brigamos porque existia uma confiança entre nós, desde o namoro. Ciúmes é tolice, não tem sentido, é bobagem.”


“Procuro passar a experiência que tenho para os jovens e fico atenta para o novo que me trazem. É uma troca”, conta a atriz 

PILARES “Amor é o principal. E a afinidade e o respeito à individualidade. Nossos princípios básicos de vida eram os mesmos, isso nos aproximava. Paulo sempre dizia que briga não era uma atitude inteligente. Assim, você começa a se desprender de todas as mesquinharias que a vida te empurra. Claro que não é um mar de rosas, nem teria sentido. Temos de ultrapassar os problemas, procurar encontrar soluções, sem deixar interferir na sua essência. Nem percebemos que se passou tanto tempo. É como ter uma conversa agradável...”

PARTIDA “A dor e o vazio são terríveis. Vou levar a saudade eternamente. Na realidade, sou espírita, não acredito que a vida termine no túmulo. Tive a felicidade de viver com Paulo esses anos todos de entrosamento, fomos felizes, mesmo. Chegou o momento dele. Por mais que sofresse, entendia, não desejava o seu sofrimento, foram três anos duros...” 

ENTENDIMENTO “Tenho certeza que, quando chegar a minha hora, vamos nos encontrar. Paulo foi realmente um homem especial. Sei que ele gostaria que continuasse trabalhando, que tivesse as alegrias nos momentos certos. Ele está aqui dentro (do coração) e vai ficar sempre. A vida continua.”

CONTRA HOMOFOBIA “Falei o que sinto (no programa Encontro) e acho. Preconceito é uma coisa que as pessoas devem eliminar de seus corações, não tem sentido. Quem somos nós para julgar? A forma de encontrar a felicidade é de cada um.”


“Tive a felicidade de viver com Paulo esses anos todos de entrosamento, fomos felizes, mesmo”