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Marcos Palmeira abre o coração: "Quero ser um exemplo para a minha filha"

Por Ligia Andrade Publicado em 13/08/2017, às 19h00 - Atualizado em 07/08/2019, às 17h45

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Marcos Palmeira - Alex Santana
Marcos Palmeira - Alex Santana
Uma mudança está em curso na vida de Marcos Palmeira, 53 anos: habitualmente um cara sempre em atividade, ele tem optado por outras maneiras de se exercitar, digamos, mais calmas. O ator, intérprete de Toni na supersérie Os Dias Eram Assim (Globo), aproveita suas raras folgas para cavalgar. Recentemente, saiu de Teresópolis, região serrana do Rio de Janeiro, e foi até Minas Gerais. “Foram três dias”, recorda ele, que está completando 40 anos de carreira. Trinta deles, só na TV. “Os Dias Eram Assim é sobre pessoas que vivem, amam e sofrem na ditadura. A vida do Toni passou por reviravoltas, mas teve a cabeça no lugar para tomar as melhores decisões. Maria (Carla Salle, 25) veio para preencher esse vazio e ele se apaixonou”, destaca Palmeira. 
Em janeiro, o ator se casou com a diretora Gabriela Gastal, 43, em uma cerimônia bem discreta em sua fazenda na Bahia. Pai de Júlia, 10, de seu relacionamento com a diretora Amora Mautner, 42, Palmeira confidencia que quer ser um exemplo para a filha com suas ações e não descarta aumentar a família. O ano de 2017 também é especial para ele, que celebra os 20 anos da fazenda Vale das Palmeiras, onde produz alimentos orgânicos, e os cinco da loja que mantém no Rio. “O meu queijo Minas frescal é o carro-chefe.” Leia a entrevista, a seguir.


Ainda é muito difícil competir com o agronegócio no Brasil?
É um mercado em expansão, mas falta incentivo. Somos produtores individuais, não temos nenhum apoio externo ou governamental como o agronegócio.

Que alimento produz e é seu preferido? 
Hortaliças, laticínios, queijo Minas, ricota, iogurte. Agora estou com um queijo Minas padrão muito bom, temos frutas também. A fazenda é bem produtiva.

É radical com relação à sua alimentação? E com a da sua filha, Júlia?
Não. Como de tudo em casa, 100% orgânico. Minha filha come bastante também, mas a deixo à vontade. Ela sabe o que faz bem. Neste sentido, estou satisfeito com o que tem me trazido.

Os 50 vieram com tranquilidade? 
Depois dos 50, vamos atingindo uma maturidade, mas temos energia. Consigo enxergar tudo o que já vivi e o que ainda tenho pela frente, sem deixar de aproveitar o hoje com tranquilidade. Estou até gostando desta idade, feliz. Com 40 anos, era a melhor fase da minha vida.

É vaidoso?
A minha vaidade está ligada à saúde. Por estar há 20 anos envolvido com a alimentação orgânica, agora entendo que mudar os hábitos e o modo como se alimenta reflete diretamente no corpo.


Tem praticado exercícios físicos? 
Gosto de correr perto de casa e uma atividade que me dá prazer é a cavalgada. Também faço pilates e jogo tênis, nado, faço tudo de bicicleta...

Você se casou pela segunda vez no início do ano. Como foi o grande dia? 
Foi uma cerimônia de celebração entre amigos, um momento muito especial para nós dois.

No que a Gabriela te encanta? 
Gabi é uma parceira de vida, de sonhos, de ideais. Como meu avô dizia, ‘não assuma compromisso com a eternidade’. Vivemos o hoje muito bem e o transformamos sempre em um dia melhor.

Vocês pensam em ter um filho?
Já tenho a Júlia, e a Gabi tem uma filha também, a Alice (15 anos), minha enteada que amo. Não existe uma pressão, cobrança, mas sempre pensamos em filhos, né? Se tiver de ser, o cosmos vai trabalhar para isso (risos). Ser pai me fez tentar ser sempre o melhor exemplo possível.


Como avalia a sua carreira até aqui? 
Até me surpreendo comigo. Foi acontecendo, não foi programado, não mudaria nada. Me sinto cria do cinema brasileiro, que é uma coisa que me dá muito orgulho. Sou filho do Cinema Novo. Nunca fiz parte de nenhum grupo, não tenho nada contra, pelo contrário, mas é que acabei diversificando. Tenho um longo caminho pela frente. Espero ainda estar trilhando um belo caminho, fazendo grandes personagens, se Deus quiser. 

Você costuma dizer que não leva o personagem para casa... 
Realmente ele fica em mim durante um período. Se vou fazer um filme de caubói, acabo, naquele tempo, virando um. Carrego o personagem, mas não o misturo comigo. Esta é uma diferença. Se estiver fazendo uma peça, ele fica no teatro; se estiver fazendo novela ou filme, fica no set. 

Como está a repercussão de Os Dias Eram Assim para você?
Sinto que o sucesso foi aumentando. É interessante contar a vida como ela é, de alguma forma. Tentamos colocar isso na interpretação. O público está se interessando por histórias de amor complexas.

Seu avô materno, Sinval Palmeira, foi deputado estadual do Rio de Janeiro cassado pela ditadura. Quais memórias têm da época?
Tive uma família de esquerda, que sempre questionou esse capitalismo selvagem. Tenho boas memórias. Meu avô era comunista, mas tinha uma cabeça muito aberta. Talvez ele tenha sido a pessoa mais democrática que conheci. 


É otimista com relação ao cenário político atual? 
Hoje esta coisa de esquerda e direita não funciona tanto, não ajuda ninguém. Estamos vivendo um momento na política de tentar descobrir novos caminhos. Não dá para ter um salvador da pátria. Temos de ver quais são as mudanças que realmente queremos e parar de fazer pequenas corrupções, como furar sinal. E acreditar na educação.

Já foi machista? 
Carrego o machismo, como toda a minha geração. Mas a gente vai se transformando. Nunca tive este exemplo em casa, pelo contrário. É um momento de se repensar, as mulheres têm muito a acrescentar. É uma burrice do homem não querer dividir tudo. O que tento passar para a Júlia é que ela seja feliz, lute pelos seus ideais. Não cobro nada, a deixo viver, brincar. Serei mais um exemplo pelo que faço do que pelo o que falo.