No novo trabalho, 'Em Trânsito', o cantor faz duras críticas à inércia, seja ela musical, política ou pessoal, nas composições do novo disco, cujo show de estreia acontece em São Paulo, no Tom Brasil
Por Tainá Goulart Publicado em 25/05/2018, às 14h20 - Atualizado em 07/08/2019, às 17h46
É como se fossem alguns pequenos passos para trás, para seguir quilômetros à frente. Assim, sempre em movimento, que se apresenta o novo trabalho de Lenine, o ao vivo Em Trânsito. Até a arte da capa do disco, assinada por Bruno Tavares e Lisa Akerman, demonstra essa vontade.
Feita em cianótipo, processo químico de impressão que antecedeu a fotografia moderna, mostra muitos símbolos processuais, como o neurônio, a raiz, o relâmpago - a analogia está na forma e no conteúdo. "Gosto muito de experimentar os veículos existentes para fazer arte, tanto na música, quanto na parte visual. Eu tive a preocupação de adequar as minhas composições aos vários formatos artísticos, para que todos possam pensar em como vão consumir. O movimento é livre, você escolhe como quer ouvir as faixas, vai contar a história que quiser com as minhas músicas!", revela o músico nascido em Recife, em Pernambuco.
Na sexta-feira (25), ele irá fazer o seu show de estreia em São Paulo, no Tom Brasil, e promete inovar ainda mais nas versões das músicas, tanto do último trabalho, quanto de outros dos seus 11 álbuns. "Quando estou em estúdio, prefiro tocar com pessoas novas, que nunca toquei antes, para poder experimentar ainda mais. Agora, com esse disco ao vivo, trouxe meus companheiros de estrada, tem gente que está comigo há quase 30 anos. Quem está menos tempo comigo é meu filho, Bruno Giorgi, para você ter uma noção", explica o cantor, cujas composições refletem um pouco do momento atual do país.
"Não dá para não escrever sobre o país tão imerso em descaramento. Quando falta honestidade, falta tudo. Estamos passando por um momento caótico, desesperança se espalhando e nada existe a curto prazo. Os poderosos estão aproveitando da nossa desatenção para poder fazer ainda mais coisas ruins", encerra ele.
