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De agente do IML a apresentador: o Geraldo Luis que você não conhece

Ele revela detalhes de sua trajetória até o Domingo Show, da Record TV, impulsionado pela infância miserável ao lado 
da falecida mãe

Por Fabrício Pellegrino Publicado em 02/01/2017, às 12h02 - Atualizado em 07/08/2019, às 17h45

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Geraldo Luís - Rogério Pallatta
Geraldo Luís - Rogério Pallatta
Na contramão 
de estrelas que calculam cada palavra do que falam, o apresentador do Domingo Show, da Record TV, Geraldo Luis, 46 anos, solta o verbo sem medo. Espontâneo, conta em detalhes suas tragédias, como o passado difícil ao lado da mãe, Olga, que morreu aos 68 anos, em 2007. Juntos, passaram fome e moraram no fundo de um prostíbulo de Limeira, interior de São Paulo. Do drama ele vai à comédia com o mesmo despudor e revela, por exemplo, que coleciona meias coloridas e, garante, as mantêm até mesmo durante o sexo. Pai de João Pedro, 16, o animador, que há dois anos e meio comanda a atração dominical das 11h às 15h30, recebeu a CONTIGO! na casa que divide com o filho, em um condomínio fechado da capital paulista, para contar suas histórias cheias de reviravoltas. Entre elas, a punição em forma de afastamento que sofreu da emissora em abril desse ano e, mais recentemente, uma suposta briga com o canal por ter se recusado a assumir um programa diário. Prepare-se para se surpreender com esta sincera conversa, relatada abaixo!

NATAL SEM PAI “No dia 24 de dezembro de 1973, o meu pai foi comprar cigarro e sumiu. Eu tinha 4 anos. À procura dele, minha mãe passou a véspera do Natal em hospitais, delegacias e cemitérios. Depois de duas semanas, soubemos que ele tinha ido morar com outra mulher.”

UM PROSTÍBULO COMO LAR “Por um tempo, eu e minha mãe moramos de favor na casa dos outros. Ela sempre trabalhou como faxineira ou lavando roupa para fora. Quando eu tinha 15 anos, fomos para o fundo de um prostíbulo onde dividíamos um banheiro com prostitutas e travestis. Sonhávamos com um banheiro próprio.” 


Na sala de estar, ele mostra orgulhoso a câmera que faz parte do seu acervo de antiguidades

EMPREGO NO IML “A área em que eu morava em Limeira era comandada pelo tráfico. Ocorriam tantos crimes naquela região que, quando a perícia chegava para recolher os corpos, eu achava o trabalho realizado por eles tão bonito que os admirava. Um dia, o chefe do IML me levou para ver uma necropsia. Quase desmaiei. E, mais para frente, lá se tornou meu lugar de trabalho: comecei a lavar os corpos dos mortos.”

ESTREIA NA RÁDIO “Certo dia, o repórter policial Rubens Pinheiros Alves entrou no IML enquanto eu lavava o corpo de uma menina. Pedi para não fotografar. Ele achou minha voz boa e me chamou para ir à rádio. Depois de um teste, me convidou para trabalhar lá. Minha mãe soube do emprego duas semanas depois. Ela me deu um tapa na cara e disse: ‘Se os bandidos descobrirem que é repórter policial vão matar nós dois. Isso é coisa de vagabundo! Vai trabalhar!” Ela foi até o Rubens e o proibiu de me manter no emprego. Eu disse a ele para não me demitir, pois aquela era a chance da minha vida. Fiquei na rádio por 22 anos.”

CONTRATO NA RECORD TV “Pelo sucesso na rádio, me convidaram para fazer um programa na TV comunitária. Era policial, sangue total. Em 2007, a Record me chamou para um teste, em São Paulo, para o Balanço Geral. Era tudo o que eu sonhei e só pensava que não podia errar. Assinei o contrato no mesmo dia. Liguei para Mirela, minha ex-esposa, e avisei que largaria tudo e todos. Em Limeira, o meu salário era de 2 mil reais, mas eu vendia muita publicidade e os ganhos iam para 60 mil. Quando assinei com a Record TV, eles ofereceram 20 mil reais.”

A MORTE DA MÃE “O Balanço Geral estreou no dia 7 de dezembro de 2007. No dia 8, minha mãe morreu. Ela só viu uma edição. Ficou feliz e me perguntou quando iria buscá-la. Eu disse que, primeiro, tinha que dar certo. Ela fumava muito, estava com problema no coração e não resistiu a uma cirurgia. Quando ela morreu, senti tudo, menos a dor da morte dela, porque, pelo meu lado espiritual, pelo ser de luz que ela era, a morte nunca existiu. A dor do impacto, sim, eu senti. Doeu mais, depois de anos, ver meu pai entrar no cemitério e sair sem me cumprimentar, pois minha mãe estava viva em mim.” 


Geraldo divide a casa em que mora com o único filho, João Pedro, fruto do seu casamento, que durou 14 anos

ÓDIO DO PAI “Cheguei a ter contato com o meu pai antes de minha mãe partir e também o ajudei financeiramente. Ele morreu há um ano e meio. O odiei durante muitos anos. Ele casou outras quatro vezes, teve sete ou oito filhos, mas o odiei não por ter me abandonado, mas pelo sofrimento que causou à minha mãe. Somente depois de adulto, entendi uma série de coisas e então o perdoei. Ele foi embora tranquilo, assim como eu também fiquei tranquilo.”

FOME E ROUBO “Tem gente que passou fome, mas eu e minha mãe passamos humilhações por causa de comida durante três anos e meio. A gente pedia comida, minha mãe roubava em mercado. Prometi a ela e consegui, em vida, fundar a Casa da Sopa, em Limeira, que distribuía 4 mil refeições por mês aos moradores de rua. Eles ainda eram atendidos por terapeutas, assistentes sociais… Mantinha tudo sozinho. Fechei após sete anos porque recebi um aviso espiritual dizendo que a missão estava concluída. Quero abri-la em um lugar muito miserável no Nordeste. Hoje, cuido de cinco hospitais e asilos.”

AFASTAMENTO DA TV “Neste ano, quando fiquei fora do ar, não tive medo (em abril, o apresentador reclamou ao vivo de um corte feito em uma matéria exibida em seu programa e foi afastado da emissora por um mês). Acredito que nada é por acaso. Respeitei e entendi a punição. Sou um empregado e faço o meu melhor. Quem se deixa fisgar pelo ego, sofre. Quando fui afastado, fiz o que faço de melhor: cuidar da minha família, ficar com meu filho e esperar que o melhor acontecesse. A Record TV viu que não agi por maldade, que não afrontei ninguém e, inclusive por isso, renovamos o meu contrato por quatro anos.” 

BRIGA NA RECORD? “Quando a emissora me convidou para apresentar um programa diário, fiquei honrado. Eu me lembrei dos tempos em que pedia emprego na Globo e na Record TV. Mas existe uma questão racional: o meu filho. Moramos apenas nós dois. Ser pai solteiro, hoje, é mais complicado do que ser mãe solteira, pois o João depende de mim para tudo. A forma com que eu teria que me dedicar ao programa diário seria até três vezes maior do que a que eu me dedico ao Domingo Show. E aí saiu na internet que briguei com a Record TV. Dei muita risada. Não teve discussão nem ameaça de rompimento de contrato. E também não fui sondado por outras emissoras como disseram.”


O apresentador tem uma vinícola na casa onde mora, na capital paulista

ESTRATÉGIA DE CONQUISTA “Com o primeiro salário bom que ganhei, decidi ir a Jerusalém (Israel) para agradecer. Na agência de viagem, eu me apaixonei pela moça da recepção, a Mirela. Fui até ela e disse: ‘Você é linda!’ Ela respondeu: ‘Meu noivo também acha’. Tirei a aliança do dedo dela e emendei: ‘Avisa a ele que você será minha’. Resolvi estragar o romance dela provocando ciúme no noivo. Pendurei uma faixa na frente da agência em que estava escrito: ‘Mirela, te amo, você é linda. Me dá uma chance’. Quando o cidadão foi levá-la ao trabalho, começou o inferno (risos). Era setembro e eles se casariam em novembro. No dia da minha viagem, pedi que entregassem flores a ela de hora em hora. Na volta de Jerusalém, ela me procurou e disse que acabei com o noivado dela. Começamos a namorar na porta do IML. Ficamos 14 anos juntos. Foi um tesão durante 13 anos. No último ano, murchou como bexiga. Hoje ela está morando com esse cara e são felizes. Se ele não me odiasse, eu seria padrinho do casamento deles.” 

MULHERES E SOLIDÃO “Tive dois rolos, um quase fatal, quase tomei um tombo. Tem muito golpe. Agora criei juízo… Às vezes, me sinto sozinho. Sou um cara enjoado e seletivo para mulher. Sou muito de pele, passional. Como posso colocar dentro de casa, como já aconteceu, uma mulher que vai maltratar o meu filho? Quero uma companheira bacana, mas não estou com pressa. Só tenho medo porque quero ter uma filha. Já cheguei a pensar em barriga de aluguel e adoção várias vezes. Para nós que trabalhamos em TV é mais difícil, as mulheres chegam armadas. Não quero uma bunda, um peito de silicone… Por mim, ela pode ser uma operadora de caixa que não há problema algum.” 

SEXO E MEIAS “O IML é um ambiente gelado e sempre andei descalço. Depois de pegar uma gripe forte, comecei a ir para lá de chinelo e meia. Aí, fazia tudo de meia: dormia, fazia amor… e colecionar meia. Eu tenho até meias com desenhos eróticos (risos).”


Fã de meias coloridas, o apresentador mostra parte de sua coleção. A paixão pela peça começou quando trabalhava no IML e precisava se proteger do ambiente gelado

PRIMEIRA VEZ NA CAMA “Eu não perdi a minha virgindade no prostíbulo em que eu morava, porque a minha mãe lavava roupa para as prostitutas de lá e a cafetina proibiu todo mundo de mexer comigo. Existia muito respeito. E outra: eu tinha medo de mulher. Perdi a virgindade quando já tinha 21 anos. Um primo me forçou e me levou para uma zona em São Paulo. Foi a minha única vez em um prostíbulo e foi péssimo, pois tudo que é forçado não é bom. Sexo, para mim, não era necessidade.”