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Dayse Paparoto: "Se a gente for ficar se ofendendo com tudo, passaremos o dia chorando"

Campeã da primeira edição do Masterchef Profissionais, da Band, a chef fala sobre trajetória, bullying, diz que já foi agredida por um homem e garante que não é feminista

Por Mariana Silva Publicado em 01/12/2016, às 07h06 - Atualizado em 07/08/2019, às 17h45

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Dayse Paparoto - Rogério Pallatta
Dayse Paparoto - Rogério Pallatta
Primeira representante da gastronomia a vencer o Masterchef Profissionais, da Band, a chef Dayse Paparoto, 32 anos, exibe o mesmo jeito divertido que mostrou em sua trajetória no reality show. No comando da cozinha do restaurante Feed Food, em São Paulo, ela ganhou, além de respeito, o carinho do público por causa de seus bordões e dancinhas exibidas na TV. “Eu sou assim. Descontraída. Se você chegar à cozinha do restaurante e perguntar o resto da dança, todo mundo sabe!”, diverte-se. Durante esta entrevista, ela, inclusive, não perdeu a chance de ensinar os passos à equipe de CONTIGO!. 
Após a vitória, porém, Dayse garante que a mudança na rotina não foi tão significativa e, atualmente, ela trabalha cerca de 12 horas por dia. “Aumentamos em 40% o movimento da casa. As coisas mudaram um pouco, mas continuo trabalhando sábado, domingo e feriado (risos)!”. Com a mesma calma e bom humor, ela relembra os episódios marcantes da disputa televisiva, assim como seu crescimento profissional. Confira o bate-papo e a receita especial preparada pela chef! 

MEDO DE ERRAR “Não queria me inscrever. Pensava que ia lá para passar vergonha. Sou profissional, mas a gastronomia tem várias ramificações e não sou especialista em todas elas. Quando se trata de um amador, tudo bem se errar, ele tem outra profissão. Mas e eu? Tinha muito receio.”

PROBLEMA COM A CÂMERA “O programa era uma coisa insana! Na vida real, a gente tem mais de 3 minutos (tempo estabelecido pelo programa para a tomada de decisões!) para criar um prato surpreendente, consegue testar todos os ingredientes antes, escolher o tipo de louça que mais combina, medir temperatura, provar... Lá é tudo uma surpresa. E tem câmeras filmando, muita pressão! Certeza que aconteceram erros. Mas foi uma experiência boa, até para as pessoas conhecerem meu trabalho.” 

EXPERIMENTANDO A FAMA “É engraçada essa coisa de fama. Não sei se é meu jeito, mas não sinto que sou famosa. Sei que as pessoas me conhecem, e tudo bem por isso. Continuo sendo a Dayse, comendo pão na chapa mergulhado no leite, pastel de feira e macarrão com feijão (risos).”


Na final, exibida no dia 13 de dezembro, Dayse recebeu o troféu do Masterchef Profissionais

FAÇA O QUE EU MANDO “No começo, eu era meio linha-dura. De um tempo para cá, vim mudando minha postura como chef, aprendi e percebi que não tinha necessidade de ser daquela forma. A cozinha é um ambiente de trabalho como qualquer outro e eu não sou diferente de ninguém que trabalha lá. Sento para comer junto com meus funcionários, saio com eles, abraço e beijo todo mundo. Optei por ser diferente do que já vi, até porque comigo essa postura rígida nunca funcionou. A única coisa que exijo de todos meus funcionários é: ‘Pode falar mal de mim o quanto quiser, mas faça o que eu estou mandando’.”

APRENDIZ “Lembro de uma vez em que errei e meu chef me deu um tapa no rosto. Continuei trabalhando normalmente e aceitei a bronca. Ele sabia várias coisas, e eu queria aprender. Se saísse, quem estaria perdendo seria eu.”

SÍMBOLO FEMINISTA “Nem perguntaram se eu queria ser um símbolo feminista (risos)! Aliás, o feminismo vai contra o que eu acredito. Acho que não existe melhor entre homem e mulher. Eles tem papéis diferentes e que não se substituem. Cada um tem o seu valor.”

COZINHA X MACHISMO “Não é que a cozinha é um meio machista, mas, se uma mulher chegar cheia de frescura, ninguém vai respeitá-la. Tem panela quente, coisa pesada para carregar... Não dá para um homem parar o que está fazendo o tempo todo e ajudar. Acredito que para estar em uma cozinha é preciso partir pra cima. Exige trabalho braçal, força física, é preciso ter iniciativa. Então não vejo tudo como machismo. Mas ele existe, claro, assim como em todas as profissões.”


Quando o assunto é câmera, ela fica meio sem jeito, mas brincou fazendo caras e bocas...

SEM MIMIMI “Acredito que a postura da mulher precisa mudar. Se a gente for ficar se ofendendo com tudo que falam, passaremos o dia inteiro chorando. O diferencial é trabalhar e só. Você ganha o respeito da sua equipe quando se posiciona e mostra segurança, e isso não depende de gênero. Não precisei falar nada para ninguém no programa, só fiz o meu trabalho...”



MARCADO NA PELE “Às vezes, quando ando de metrô, as pessoas que olham para o meu braço devem achar que eu tentei me matar (risos). Tenho muitas cicatrizes de queimadura, mas a mais marcante é na mão. Aconteceu em um episódio com uma panela cheia de óleo quente. Espirrou em mim, mas, ao mesmo tempo, meu chefe me cobrava a entrega de um prato. Fiz o que precisava e só depois fui me cuidar.”



1% GLAMOUR “Tem gente que acredita que ser chef é glamouroso. Se a cozinha chegar a 1% de glamour, é muito (risos)! Eu sou mulher, gosto de homem, penso em casar, mas isso não me torna menos ‘ogra’. A profissão me fez ficar assim. Aprendi que aqui não dá para ter vaidade. Uso brinco às vezes, mas não pode. Não pinto as unhas, não uso maquiagem. Todos os dias saio com o cabelo engordurado e, ainda assim, não deixo de ser feminina.”


CORAÇÃO PELUDO “Para mim, ter coração peludo é ser uma pessoa sem frescura, sem ‘mimimi’. E eu sou assim. Mas só na cozinha, na vida real e fora do trabalho eu sou um doce (risos). Apesar de que tenho uma frescura, sim: comer comida requentada no micro-ondas. Não gosto, só como se não tiver outra opção.”


Há dois anos, Dayse é responsável pela cozinha do Feed Food, em Pinheiros, São Paulo

FUTURA DONA DE CASA “Estou solteira há dois anos. Tinha planos para me casar mas, por causa de uma incompatibilidade, a gente acabou optando por se separar. Não deixei de ter esse sonho. Quero, sim, casar, ter filhos e ser uma dona de casa.”

APRESENTADORA MALUCA “Todos me perguntam o que farei de agora em diante ou qual é o meu maior sonho. Acho até que a Ana Paula (Padrão) ficou decepcionada comigo quando eu disse que ia usar o dinheiro para quitar meu apartamento. Eu toparia ser uma apresentadora de um programa de culinária, mas só se for para ser algo de estilo bem louco! Ir para a praia e cozinhar usando uma fogueira... Algo bem diferente (risos).”